sexta-feira, 29 de julho de 2016

Livros: Assim falou Zaratustra...

Hoje não irei falar sobre um livro após lê-lo por inteiro. Isto porque a obra Assim falou Zaratustra é bastante complexa para mim. Nietzsche, seu autor, foi um filósofo alemão e eu não estudo filosofia. Apenas a admiro. Portanto, sou uma leitora da literatura nietzschiana. Embora, aqui, esteja atentando para detalhes que são filosóficos (improvável ler Nietzsche e não filosofar, mesmo quem, como eu, nada, ou quase nada, entende de filosofia...). Deixo isso bem claro porque se algum filósofo ler o que escrevo, entenda que não quero discutir a filosofia e sei que não tenho aptidão para isso. Sinto-me apenas capaz de admirá-la. O que faço aqui é dividir minhas impressões com aqueles que querem conhecê-las.
 
Sobre a obra em questão: é dividida em quatro partes, que foram publicadas separadamente pelo autor entre os anos de 1883 e 1885. Na primeira parte, Zaratustra está voltando de seu isolamento de dez anos, no alto de uma montanha, e busca disseminar o que foi aprendido nessa fase de sua vida. Na sua caminhada entre os homens, Zaratustra escolhe alguns aos quais direciona seus discursos carregados de ensinamentos.

No vídeo abaixo, lerei um dos discursos (Das mil e uma metas). Selecionei esse trecho porque me fez pensar a intolerância humana, tão comum atualmente e já existente na época de Nietzsche (século XIX).



 Algumas coisas que me chamaram atenção nesse discurso:

1. O que é bom para um povo não é, necessariamente, bom para outro;
2. Para compreender o que é bom para um povo é preciso compreender suas necessidades, o que lhes é difícil e descobrir quais superações ele entende que deve realizar;
3. Bom e mal são criações do homem - este é o responsável por valorar as coisas;
4. Para criar algo deve-se destruir algo;
5. Inicialmente apenas povos/grupos eram criadores. A possibilidade de um indivíduo ser criador é mais recente até porque a própria criação INDIVÍDUO é recente;
6. O indivíduo criador, originado do rebanho, torna-se responsável pelo declínio do rebanho;
7. Cada povo possui sua meta, mas ainda não existe uma meta da humanidade e por isso, talvez a própria humanidade falte aos humanos. 

Depois de ler esse discurso, penso que nossa intolerância para com o outro decorre de nossa falta de atenção ao outro, bem como da nossa rigidez ao pensarmos que o que é bom ou mal para nós é, evidente e necessariamente, o bom e o mal do outro. Também, a ideia de que existe uma única verdade, ou de que a nossa verdade é mais verdade que a do outro, propicia inúmeras discórdias em nossas sociedades. 

Bom, essas são as minhas impressões após ler esse pequeno trecho de Assim falou Zaratustra. Muito provavelmente suas impressões são outras!

Fecharei o post de hoje com o final do discurso que achei fantástico:

"Mil metas houve até agora, pois houve mil povos. Apenas a cadeia das mil cervizes falta, falta a meta única. Ainda não tem a humanidade uma meta.
Mas dizei-me, meus irmãos: se ainda falta à humanidade a meta, não lhe falta então também – ela mesma? –
Assim falou Zaratustra."

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